terça-feira, 3 de junho de 2014

A magia do anel



Quando nascemos, colocam em nosso braço uma pulseirinha de papel e plástico. Ela é responsável pela nossa identidade. É a nossa identificação diante da sociedade.

Os nossos pais olham fixos para aquele acessório, o primeiro da nossa vida. Ele indica durante horas ou até mesmo dias o nosso futuro lar. Se trocado, todo o nosso destino terá seu percurso transformado.

A saída da maternidade leva embora aquela pulseirinha. Mas a chegada em casa nos presenteia com uma nova, de ouro, com o nosso nome gravado. Verdadeiras letras mágicas. Depois de alguns meses, o novo acessório fica na recordação da nossa mãe, principalmente porque ela vai guardá-lo com muito carinho para mostrar aos futuros netos.

A menina vai crescendo. E ela ganha um novo acessório, desta vez, redondo, também de ouro, um anel. Ela perde horas e horas olhando para seus dedinhos admirando a beleza da joia e o brilho da pedrinha que a acompanha. Ela corre e mostra para toda a família, e principalmente para as coleguinhas. É a grande novidade no grupo.

Ela continua crescendo. A joia tão preciosa dela fica perdida na recordação. Ela a guarda em sua caixinha de joias e no seu coração, sem esquecer que, no futuro, ela vai encontrar o destino certo para aquela joia tão delicada.

E a menina torna-se moça. Uma bela jovem que ao completar seus quinze anos ganha uma nova joia, ainda mais valiosa, com uma grande pedra demonstrando a todos que a infância ficou para trás. O solitário no seu dedo maior de todos mostra que ela ainda vai viver muitas histórias e encontrar outros amores e talvez até desamores.

A jovem encontra sua aptidão profissional. Estuda e entra na universidade. Depois de 4, 5, 8 anos, quem sabe, termina seu curso e ganha um novo anel. Agora ele é símbolo da carreira escolhida. É pesado, tem uma pedra que mostra para ela todos os dias como agir e fazer a diferença no mercado de trabalho. Eis o seu primeiro companheiro. Já não é mais o solitário. Agora, a sua joia ocupa o penúltimo dedo da mão esquerda. Ela está casada com sua profissão.

Ela trabalha muito e se destaca. Viaja e conhece diversos lugares e também pessoas. Faz novos amigos. Estuda outras línguas. E de repente ela encontra um novo tipo de Amor com quem passa a viver experiências, compartilhar momentos alegres e tristes. Alguém com quem aprende o que significa cumplicidade e com quem planeja o futuro.

Desse novo amor, ela ganha mais um anel. Agora, de prata que ocupa o penúltimo dedo da mão direita. Ele indica aos concorrentes que aquela bela jovem não está à disposição, ela está comprometida.

E juntos, os dois jovens aprendem a conviver com as diferenças, e ao mesmo tempo, se conhecem mais e mais. Um já não se vê vivendo longe do outro. E depois de uma longa caminhada, ela tem a certeza de que não é mais a mesma jovem. Agora, é uma mulher adulta, ainda mais bela, com muito mais experiência e muitas responsabilidades. Ela vai entendendo que é hora de planejar o futuro ao lado daquele seu Amor, o companheiro escolhido por ela.

E então, o anel de compromisso muda de cor. Torna-se dourado, mas continua na mesma mão. Bem mais pesado e brilhoso. Assim como os sonhos dela. Agora ela sabe que é preciso trabalhar dobrado para investir em seu futuro.

Ela compreende que esse futuro a dois está diretamente ligado ao sucesso profissional dela, da benção familiar e de tantas estratégias que ela vai precisar traçar e orçamentos que ela vai precisar pesquisar para que aquele anel dourado, que ela carrega com tanto orgulho, mude da mão direita para a esquerda.

Mas ela não tinha um anel na mão esquerda? Sim, e o seu primeiro compromisso, o profissional, vai se transformar no principal aliado do seu futuro compromisso civil. Juntinhos, um embaixo do outro, sempre se ajudando.

E depois de uma linda e emocionante cerimônia, o seu compromisso profissional ganha um inseparável amigo. Um guia para as ações daquela mulher tanto no lado pessoal quanto profissional.

Na velhice, com os dedos enrugados, ela continua carregando os dois anéis. Talvez o seu de formatura já esteja guardado na gaveta, pois agora, ela está aposentada. Por outro lado, o de casamento, ela carrega inseparavelmente, e vai levá-lo até o túmulo.


E aquela primeiro anel? O da infância? Ah, ele já não lhe pertence, ela deu de presente para a sua netinha que quem sabe deva dar continuidade à saga do anel?