quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

E começa um novo ano



Tem sensação melhor do que sentir o vento no rosto? E na virada de ano, então.

Tive o prazer de estar em contato com o mar e a brisa durante o último dia de 2017 e os primeiros suspiros de 2018 e me senti renovada.

Era eu, o mar, e os pensamentos. Também os desejos para o novo ano, mas tudo de uma forma leve. Tudo o que eu mais precisava para começar um novo ciclo.

Novidade é a palavra que resume o que buscamos em cada término e início de novo ano. Embora o fantasma do futuro venha nos assombrar, seja por meio da incerteza do amanhã, do cansaço pelos desafios superados no ano que está finalizando, seja pelas aventuras desconhecidas do ano que se aproxima.

Culturalmente a chegada de um novo ano representa essa sensação de incerteza, mas de forma efetiva o recomeçar, “a possibilidade de se fazer diferente tudo o que foi feito anteriormente, não é só a mudança de data é saber que com o amanhecer do dia primeiro de janeiro, tudo pode ser diferente, se pode recomeçar”, afirma a psicóloga Samia Nunes.

Eis que de repente estamos arrumando as malas, organizando uma bagagem para o ano que está chegando. Carregamos um pouco de tudo: o lenço da saudade, o vestido da falta de paciência, o sapato da não despedida, a calça da lamentação, o colar da tristeza, os brincos da decepção e a blusa da ansiedade. Com tantos utensílios pesados, iremos pagar um valor alto pelo excesso de bagagem.

A primeira coisa seria ter cuidado com as expectativas para não fantasiar em demasia, explica a psicóloga. Ela orienta que “quando fizermos as famosas promessas para o novo ano, devemos procurar estabelecer metas realizáveis a curto e médio prazo, e cultivar esperanças; pensamentos mais saudáveis; menos negativos, acreditando em si mesmo e na possibilidade de realização, afinal tem um ano inteiramente novo pela frente, mais doze meses, 365 dias, para buscarmos fazer diferente”, explica Samia Nunes.

De certo para o novo ano, temos a vontade de começar tudo de novo, mesmo se os passos são lentos. Afinal, mesmo nos comportando como uma tartaruga, iremos chegar a algum lugar, como diz a Metáfora das Pulgas, ‘não devemos ter medo de crescer lentamente, apenas de ficar parados’. Se formos fazer um exame de consciência, quem de nós fica parado? Analisando o nosso dia-a-dia a gente trabalha, estuda, faz caminhada, anda de bicicleta, sai com os amigos, aproveita os fins de semana, assiste a filmes, temos tempo pra ir ao salão de beleza, fazer compras, fazer limpeza na casa e ainda têm aqueles que cuidam dos filhos, é ou não muita coisa?

O nosso erro é que somos muito exigentes e queremos sempre mais – casa decorada, o carro do ano, o melhor trabalho, a roupa exclusiva – e atrelamos a ideia de felicidade à conquista dessas coisas materiais. Que falta de maturidade! Para o psiquiatra e escritor, Augusto Cury, no seu livro ‘Dez leis para ser feliz’, felicidade representa uma conquista que começa nas pequenas coisas.

É sentir o cheiro da terra molhada, e rir das próprias tolices. É ser alegre, mesmo se vier a chorar. É viver intensamente, mesmo no leito de hospital. É nunca deixar de sonhar, mesmo se tiver pesadelos. É ser jovem, mesmo se os cabelos embranquecerem. É contar histórias para os filhos mesmo se o tempo for escasso. É amar os pais, mesmo se eles não o compreendem. É agradecer muito, mesmo se as coisas derem errado. É transformar os erros em lições de vida”, ensina o autor.

Então, que tal aproveitarmos tudo isso e vivermos intensamente este novo ano e tudo aquilo que ele tem para nos oferecer? Sem muita pressão, sem muita expectativa, apenas acreditando no nosso potencial e em tudo aquilo que temos no coração? Eu fiz isso, na contagem regressiva, em frente ao mar, joguei todas as expectativas pro vento, afinal, como diz a música do Los Hermanos, “O vento vai dizer lento o que virá”. Feliz 2018!