Tem sensação melhor do que sentir
o vento no rosto? E na virada de ano, então.
Tive o prazer de estar em contato
com o mar e a brisa durante o último dia de 2017 e os primeiros suspiros de
2018 e me senti renovada.
Era eu, o mar, e os pensamentos.
Também os desejos para o novo ano, mas tudo de uma forma leve. Tudo o que eu
mais precisava para começar um novo ciclo.
Novidade é a palavra que resume o
que buscamos em cada término e início de novo ano. Embora o fantasma do futuro
venha nos assombrar, seja por meio da incerteza do amanhã, do cansaço pelos
desafios superados no ano que está finalizando, seja pelas aventuras desconhecidas
do ano que se aproxima.
Culturalmente a chegada de um
novo ano representa essa sensação de incerteza, mas de forma efetiva o
recomeçar, “a possibilidade de se fazer
diferente tudo o que foi feito anteriormente, não é só a mudança de data é
saber que com o amanhecer do dia primeiro de janeiro, tudo pode ser diferente,
se pode recomeçar”, afirma a psicóloga Samia Nunes.
Eis que de repente estamos
arrumando as malas, organizando uma bagagem para o ano que está chegando.
Carregamos um pouco de tudo: o lenço da saudade, o vestido da falta de
paciência, o sapato da não despedida, a calça da lamentação, o colar da
tristeza, os brincos da decepção e a blusa da ansiedade. Com tantos utensílios
pesados, iremos pagar um valor alto pelo excesso de bagagem.
A primeira coisa seria ter
cuidado com as expectativas para não fantasiar em demasia, explica a psicóloga.
Ela orienta que “quando fizermos as
famosas promessas para o novo ano, devemos procurar estabelecer metas realizáveis
a curto e médio prazo, e cultivar esperanças; pensamentos mais saudáveis; menos
negativos, acreditando em si mesmo e na possibilidade de realização, afinal tem
um ano inteiramente novo pela frente, mais doze meses, 365 dias, para buscarmos
fazer diferente”, explica Samia Nunes.
De certo para o novo ano, temos a
vontade de começar tudo de novo, mesmo se os passos são lentos. Afinal, mesmo
nos comportando como uma tartaruga, iremos chegar a algum lugar, como diz a
Metáfora das Pulgas, ‘não devemos ter medo de crescer lentamente, apenas de
ficar parados’. Se formos fazer um exame de consciência, quem de nós fica
parado? Analisando o nosso dia-a-dia a gente trabalha, estuda, faz caminhada,
anda de bicicleta, sai com os amigos, aproveita os fins de semana, assiste a
filmes, temos tempo pra ir ao salão de beleza, fazer compras, fazer limpeza na
casa e ainda têm aqueles que cuidam dos filhos, é ou não muita coisa?
O nosso erro é que somos muito
exigentes e queremos sempre mais – casa decorada, o carro do ano, o melhor
trabalho, a roupa exclusiva – e atrelamos a ideia de felicidade à conquista
dessas coisas materiais. Que falta de maturidade! Para o psiquiatra e escritor,
Augusto Cury, no seu livro ‘Dez leis para ser feliz’, felicidade representa uma
conquista que começa nas pequenas coisas.
“É sentir o cheiro da terra molhada, e rir das próprias tolices. É ser
alegre, mesmo se vier a chorar. É viver intensamente, mesmo no leito de
hospital. É nunca deixar de sonhar, mesmo se tiver pesadelos. É ser jovem,
mesmo se os cabelos embranquecerem. É contar histórias para os filhos mesmo se
o tempo for escasso. É amar os pais, mesmo se eles não o compreendem. É
agradecer muito, mesmo se as coisas derem errado. É transformar os erros em
lições de vida”, ensina o autor.
Então, que tal aproveitarmos tudo
isso e vivermos intensamente este novo ano e tudo aquilo que ele tem para nos
oferecer? Sem muita pressão, sem muita expectativa, apenas acreditando no nosso
potencial e em tudo aquilo que temos no coração? Eu fiz isso, na contagem
regressiva, em frente ao mar, joguei todas as expectativas pro vento, afinal,
como diz a música do Los Hermanos, “O
vento vai dizer lento o que virá”. Feliz 2018!